Na prática Osteopática damos relevo às alterações posturais que podem ter uma relação disfuncional-sintomática no quadro clínico do paciente. Com frequência na investigação destas relações biomecânicas encontro um padrão de escoliose ( desvio lateral da coluna vertebral) + hiperlordose ( aumento da curvatura lombar) + pé cavo ( aumento da curvatura interna do pé). Um bom exemplo deste padrão ( falando no desporto) são os ex praticantes de ballet. Por isto escolhi este estudo, embora a amostra não seja grande, que vinca precisamente a relação do ballet com as alterações posturais. Deixo um sinal de atenção aos pais que devem estar atentos, em particular nas idades dos 8 aos 14, a alterações da postura como a escoliose, que quanto mais cedo diagnosticada mais cedo se pode intervir. O síndrome de Osgood- Shatler (inflamação e dor na região da rótula/joelho) é frequente nestas idades e está tb associado a alterações mecânicas do membro inferior e ao exercício físico. O trabalho do Osteopata é importante e a complementaridade com outras disciplinas é a chave de um bom acompanhamento clínico. A mobilização dos segmentos disfuncionais com o tratamento osteopático, a avaliação da biomecânica do pé e prescrição de ortóteses plantares (suportes correctivos) pela podologia, educação e reeducação postural com a fisioterapia e a supervisão desportiva pelo profissional de saúde física é um dos caminhos interdisciplinares de sucesso.
Excerto do estudo ( em Português do Brasil) " RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi identificar alterações posturais em 24 crianças praticantes de ballet clássico, entre 8 e 12 anos de idade, matriculadas em uma academia de ballet clássico de Florianópolis/SC. A pesquisa foi desenvolvida a partir de uma avaliação postural realizada nas dependências da academia, onde foram avaliadas 100% das crianças matriculadas que se enquadrassem no perfil da pesquisa. Para a avaliação foi utilizado um simetrógrafo, uma ficha de avaliação postural e uma máquina fotográfica. (...) As alterações mais encontradas foramhiperlordose lombar + anteversão pélvicaem 18 crianças correspondendo a75%,escolioseem 14 crianças com58%,joelho valgoem 16 crianças,67%,joelho recurvatumem 10 crianças62,5%,pé cavo e valgoem 18 crianças, também com75%e os índices de correlação de Pearson encontrados foram de + 0.46 entre joelho recurvatum e pé valgo, +0.43 entre pé cavo e escoliose e +0.43 entre anteversão pélvica e joelho valgo.
Considerações Finais
Baseando-se nos resultados obtidos, pode-se concluir que, todas as 24 crianças avaliadas apresentaram algum desvio postural. As alterações encontradas com maior frequência na maioria das crianças foram a hiperlordose lombar (juntamente com anteversão pélvica) correspondendo a 75%, pé valgo também com
75%, joelho valgo com 67%, pé cavo e calcâneo valgo com 62,5% cada. (...) Após essa análise, surge a hipótese de que o ballet clássico, iniciado antes dos 8 anos, pode vir a prejudicar o padrão postural e o desenvolvimento motor normal das crianças, mas para tornar essa afirmação fidedigna, é necessário fazer
uma análise mais minuciosa, com um acompanhamento durante o desenvolvimento da criança, para assim detectar precisamente alterações e em que fases ela está ocorrendo."
Larissa Guimarães da Cunha ( Monografia de de fim de curso Fisoterapia) Ralph Fernando Rosas (Professor e Orientador da Pesquisa)
Um osteopata que procura a transdisciplinaridade, Bruno Ducoux, diretor de investigação em osteopatia pediátrica, tem um filme feito com um cirurgião. Pode ver ao vivo o que acontece sob a pele quando um profissional coloca as suas mãos sobre um paciente.
O que acontece quando colocamos em nossas mãos paciente, quando os manipulamos? (seg. Bruno Ducoux)
Bruno Ducoux decidiu fazer um filme com o Dr. Jean-Claude Guimberteau, um cirurgião que iria observar os tecidos em três situações: Caminhada sobre a pele, músculos e atitude a porção da epiderme. Como parte da operação, ele colocou o endoscópio sob a pele do paciente voluntário. E Isso permitiu descobrir um mundo extraordinário muito diferente do que vemos descrito nos livros de anatomia. Porque o nosso conhecimento sobre este assunto baseia-se principalmente em pessoas mortas e ao vivo. Eu acho que estão a fazer, com este vídeo, descobertas reais.
Podemos ver com os nossos olhos o que esta a acontecer quando um paciente é manipulado. Parece que, ao contrário da crença popular que as articulações e ossos são o mais importante e o que deve ser manipulado aqui parece ter um papel menos importante do que a matriz extracelular. Isto permite fornecer informação para todo o corpo. Especificamente, vemos grupos de células moles e, de repente, relaxam, dependendo das manipulações do praticante. No vídeo é impressionante a visão dos fibroblastos recolherem-se, separarem-se e moverem-se como um cardume de peixes. É como um gel aquoso, que transmite a informação para o corpo inteiro. Tudo parece ... como na natureza: até seis milhões de células são afetadas. O trabalho do osteopata é equilibrar os pontos de tensão e compressão no tecido conjuntivo para restaurar o equilíbrio sistêmico.
Podemos concluir assim que esta organização é o princípio da tensegridade. Basta colocar os pontos de tensão e compressão que tudo é levado sem problemas. Os Pacientes apreciam essa abordagem positiva e sem medicação, por isso chamam NATURAL. É uma abordagem sustentável, que também iria fazer poupanças significativas em termos de saúde pública.
A regulamentação das
terapêuticas não convencionais com a aprovação da proposta de lei 111/XII em
Assembleia da Republica no dia 11 de Janeiro vem colocar um ponto final neste
processo que se arrasta há quase 10 anos, tendo como ponto positivo que os profissionais
que queiram ter acesso a uma destas profissões tenham uma formação de nível
superior e a obtenção do correspondente diploma permitirá o acesso a uma cédula
profissional que permitirá obter a utilização exclusiva do titulo profissional
identificativo. Essa cédula profissional será objeto de registo publico
permitindo a população em geral a procura dos profissionais com formação
adequada e assim a utilização esclarecida dos serviços prestados. Ainda no
âmbito do direito a informação é determinada a obrigatoriedade aos
profissionais manterem o registo para memória futura bem como a prestação das
informações em relação ao prognóstico e á duração do plano de tratamentos
exigindo aos doentes o seu consentimento informado. Tem ainda como ponto
positivo a ficar vedada a possibilidade de publicidade enganosa. Passará ainda
a haver a exigência de um seguro profissional e o enquadramento dos locais de
praticas das terapias não convencionais com a legislação a que estão sujeitas
as unidades privadas de saúde. Está previsto um regime transitório para quem já
desenvolve a pratica destas terapias agora regulamentadas.
Com vista a manter o
dialogo está previsto a criação de um órgão consultivo no ministério da saúde
que se denominará o concelho geral das terapêuticas não convencionais.
Porém a proposta de lei
agora aprovada, como disse o deputado Bernardino Soares do PCP, é uma fraude
politica pois não visa resolver nenhum problema, pois esta proposta não é para
regulamentar é para adiar pois o que o governo propõe é propor uma lei para
regulamentar outra lei. Esta proposta não deveria ser feita em AR pois em
aspetos fundamentais é da competência do governo.
Vejo então como ponto
negativo a forma como nesta proposta de lei já aprovada, que não regulamenta
nada, somente prevê deveres e as sanções para quem não cumpra esse deveres,
pois os aspetos fundamentais ficam remetidos para futuras portarias que faltará
agora saber quanto tempo irá demorar até as suas conclusões. Pois alguns dos
pontos que deverão ser ajustados por portaria aguardam um concelho nacional que
irá igualmente ser nomeada por outra portaria. Outros aspetos que deverão ser
definidos por portaria serão os requisitos para os cursos de formação superior,
os requesitos de acesso a cédula profissional, a credenciação dos profissionais
no ativo. Por isso pergunto para que é que serve esta proposta de lei se os
aspetos essenciais ficam remetidos para futuras portarias quando já o poderia
fazer neste momento com base na lei 45/2003 que em si já reconhecia estas
terapias.
Concluindo, com esta
proposta de lei nada fica resolvido, fica tudo na mesma. Penso até que poderá
ficar pior, pois temos duas leis e nenhuma regulamentação profunda sobre a
mesma matéria, o que traz um quadro ainda mais confuso e ainda mais indefinido,
ficando bem definido um quadro sancionatório e pouco definido os direitos
cumprindo com a lei da igualdade da constituição portuguesa, comparativamente a
outros profissionais de saúde.
Porém os profissionais das
terapêuticas não convencionais deverão ser respeitados por tantas vezes
encontrarem soluções para os problemas que a medicina convencional muitas vezes
se encontra limitada na sua atuação.
O síndrome do canal ou túnel cárpico significa uma
compressão do nervo mediano ao nivel do canal cárpico, no punho, um canal
osteo-fibroso formado pelos ossos do carpo e pelo ligamento transverso do
carpo. É talvez a causa de compressão neuropática mais frequente na prática
clínica médica e um pouco menos frequente na clínica Osteopática, mas ainda
assim relevante.
O nervo mediano é um nervo misto, isto é, dá informação motora a alguns
músculos da eminência tenar e intrínsecos da mão, assim como, informação
sensitiva da região palmar da mão, da face palmar dos 3 primeiros dedos e
metade do 4º e da face dorsal dos 4 primeiros dedos. Para além do nervo
mediano, passam no canal cárpico os tendões dos músculos flexores dos dedos,
sendo que as tenossinovites a este nível, no quadro das doenças reumáticas,
sejam a causa mais conhecida do síndrome. Estas lesões, das baínhas e cápsulas
articulares, são com frequência decorrentes de doenças reumatológicas como o
Lúpus, a Gota Úrica e a Artrite Reumatóide, da qual o síndrome do canal cárpico
pode ser uma manifestação inicial(as articulações precocemente envolvidas na
AR, são as metacarpo-falângicas proximais do 2º e 3º dedos). Para além da
doenças reumatológicas como possível causa do síndrome do túnel cárpico, há que
incluir outras condições clínicas endócrino-metabólicas, como a diabetes, o
hipotiroidismo, a amiloidose, a insuficiência renal, a acromegália e factores
vocacionais/traumáticos como a fractura do punho, actividades profissionais/
atléticas com movimentos repetitivos de hiper-extensão, hiper-flexão do punho,
exposição ao frio ou vibração e outros. Afecta mais as mulheres entre os 40 e
60 anos de idade, mas no homem os factores traumáticos são mais relevantes.
A clínica inicia-se com dores e parestesias nocturnas, no território do nervo
mediano (face palmar da mão e 3 primeiros dedos, com dor na eminência tenar e
interfalângicas distais do 2º e 3º dedos e, interfalângica próximal do 1º
dedo), sendo por vezes mais difusas com irradiação ascendente (face ventral do
antebraço) e associadas a movimentos. Numa fase mais tardia pode haver
diminuição da força, principalmente em movimentos de precisão ou pega e
posteriormente atrofia muscular. O paciente queixa-se muitas vezes de
"sensação de inchaço" nos dedos e dor no pulso.
O exame neurológico é indicador de diagnóstico, tendo o Osteopata que ter um
conhecimento profundo de neurofisiologia, anatomia e experiência clínica para o
fazer, aliás, como o faz com todos os pacientes com sintomas de neuropatia. Os
estudos de electrocondução nervosa sensitiva e a electromiografia são os meios
de diagnóstico mais importantes e devem ser feitos se houver suspeita de
patologia reumatológica ou se o paciente não responder à terapêutica.
O tratamento Osteopático utiliza técnicas de relaxamento directo para abrir o
espaço dentro do canal cárpico, técnicas miofasciais para libertar os tecidos
moles de todo o membro superior, técnicas que mobilizam a coluna cervical e
tecidos adjacentes para permitir um melhor fluxo nervoso do plexo braquial
(conjunto de nervos que saem da cervical para o membro superior), técnicas de
mobilação da coluna toráxica e costelas para reduzir o fluxo simpático,
aumentar o fluxo arterial e reduzir a congestão linfática.
Como as causas para a Disfunção Temporo-Mandibular (DTM) são
multi-factoriais, o tratamento é algumas vezes multi-disciplinar, podendo
envolver dentistas, neurologistas, reumatologistas, osteopatas e outros.
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Neste artigo, por razões óbvias, vou apenas desenvolver a
abordagem do tratamento osteopático.
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A função do Osteopata (depois de uma anamnese exaustiva) é a
de avaliar a mobilidade da articulação temporo-mandibular (ATM), palpando
restrições articulares e o comportamento dos músculos envolventes. Observa
desvios laterais da ATM e faz uma avaliação da mobilidade craniana. Seguindo os
princípios e filosofia Osteopática, as disfunções cranianas podem afectar a
mobilidade da articulação, isto é, disfunções no osso temporal (rotação) ou no
osso esfenóide podem causar disfunção na ATM pelas suas relações anatómicas,
como referi no artigo anterior. Como o tratamento Osteopático é mestre na
abordagem holística do paciente, as disfunções no sacro são também pesquisadas
pela relação sacro/craniana.
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Depois de uma avaliação de todo o complexo articular e
mecânico envolvente da ATM (ossos do crânio, ATM, músculos, sacro,
mobilidade/restrições), o Osteopata está em condições de perceber onde são as
disfunções e fazer um diagnóstico.
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O tratamento é gentil, sem dor e atinge rapidamente o alívio
sintomático da dor e o aumento da amplitude articular. A técnica de
"Muscle Energy" costuma ser bastante utilizada como tratamento
directo, para além das técnicas cranianas. As disfunções do sacro são também
tratadas com técnicas directas ou indirectas.
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A Osteopatia permite pensar de uma forma mais abrangente,
olhando sempre para as relações estruturais e funcionais das estruturas,
considerando um tratamento também ele mais abrangente e mais eficaz.
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A disfunção da Articulação Temporo-Mandibular (ATM),
enquadra-se nas Neuralgias Cranianas.
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A ATM é a articulação que une a mandíbula ao crânio. É
formada pela cabeça do côndilo mandibular e a fossa mandibular do osso
temporal, que estão separadas por um disco articular fibrocartilaginoso. A
reforçar a articulação existem os ligamentos estilo-mandibular e
esfeno-mandibular que unem a mandíbula ao osso temporal e esfenóide. Os músculos
envolvidos na ATM são os temporais, os pterigóides (médio e lateral) e os
masseter. São músculos com inserções no osso temporal, esfenóide e mandíbula. A
sua inervação é transmitida pelos ramos mandibulares do nervo trigémio e por
ramos do nervo facial. Os movimentos articulares são a oclusão, protrusão e
retrusão.
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Durante a protrusão, o côndilo da mandíbula desliza
anteriormente e o disco articular desliza posteriormente. O oposto acontece na
retrusão. A protrusão acontece por contração dos pterigóides laterais e a
retrusão é a função das fibras posteriores dos músculos temporais. Os masseter,
os temporais e pterigóides médios fecham a boca (oclusão).
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A disfunção da ATM é pois o funcionamento anormal de um ou
mais destes elementos e está relacionada com: causas mecânicas ( postura
da cabeça, laxidão ligamentar, abertura excessiva da boca, má oclusão,
"golpe de chicote", etc.), hábitos diários (bruxismo, mastigar
pastilhas, etc.), causastraumáticas (micro e macro-
traumatismos), causas reumatológicas (artrite reumatóide, por ex.) e
outras ( ansiedade, depressão, etc.). Afecta afecta mais as mulheres na
proporção 9/1, na faixa etária dos 30 aos 40.
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Os sintomas mais comuns são: dor de "ouvido", dor
de "cabeça", dor facial, dor muscular, dor na ATM, dificuldade em
mastigar, crepitação ("ruído" articular), dificuldade na abertura da
boca
A
maioria dos Osteopatas já teve de tratar pacientes cujas maiores queixas são as
Cefaleias e uma vez que se determine ser seguro tratá-los, existem várias
opções e abordagens no plano terapêutico Osteopático.
A abordagem Osteopática concentra-se no TMO (Tratamento Manipulativo
Osteopático), mas não só. Os conselhos sobre nutrição, prescrição de exercícios
terapêuticos, avaliação e educação da postura, assim como envolver o paciente
no seu processo de cura, fazendo-o entender bem as causas e fisiologia da
Cefaleia é, ou deve ser, o procedimento do Osteopata, de resto como em todas as
consultas.
Importa também referir que o TMO, não são só as manipulações de alta velocidade.
O TMO engloba uma série de técnicas, orientadas a diferentes tecidos e/ou com
diferentes objectivos. O que decide a (s) técnica (s) usada (s) são os dados
recolhidos no exame.
Nas Enxaquecas o TMO é especialmente útil entre os surtos, uma vez que o
paciente está mais tolerante ao tratamento manipulativo (directo, indirecto,
miofascial, etc). Na fase aguda da Enxaqueca, um tratamento vigoroso, pode
aumentar o fluxo de sangue a uma já inflamada região vascular, o que explica a
exacerbação clínica que pode acontecer após tratamento. As técnicas indirectas
suaves e a drenagem linfática e venosa são mais indicadas para a fase aguda.
Como há um envolvimento do SN Autónomo, o Osteopata actua a técnica na região
do SN Simpático da cervical baixa, toráxica alta, costelas e tecidos
miofasciais relacionados.
No tratamento das Cefaleias Tensionais, o primeiro passo é o de
identificar e eliminar as potenciais fontes que despertam os sintomas, como os
dentes, maxilar (ATM), os seios perinasais, ossos cranianos e cervicais, os
ligamentos e os elementos miofasciais associados. Contudo, todo o resto do
corpo é examinado à procura de relações anatómicas que possam influenciar este
quadro. Na acção terapêutica, a disfunção somática é constantemente
identificada e tratada com TMO. Disfunções vertebrais, miofasciais,
crânio-sacrais, locais e regionais, são comummente encontradas.
Um ensaio clínico randomizado e controlado por placebo (Bove G, Nilson, 1998,
JAMA, 280: 1576-1579), que investigava a eficácia das manipulações
quiropráticas nas cefaleias tensionais, concluiu que a manipulação vertebral
não tem um efeito positivo neste tipo de cefaleias.
O tratamento desta, como da maioria das patologias, deve ser multi-disciplinar.
Deve haver um aconselhamento do paciente em várias áreas terapêuticas e estudos
de diagnóstico devem ser aprofundados se o paciente não estiver a responder ao
tratamento Osteopático.
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As
dores de cabeça são as queixas mais frequentes dos pacientes ao Clínico Geral e
ao Neurologista. Poucas são as pessoas que nunca tiveram uma cefaleia em
determinada altura da vida e embora uma dor severa possa levar o paciente a
temer um problema grave, a verdade é que a maioria das cefaleias são de origem
benigna. Estima-se que apenas 5% das cefaleias podem esconder uma patologia
neurológica com gravidade. Este é um tema vasto e demasiado complexo para o
tamanho deste artigo, por isso, pretendo apenas salientar os aspectos
importantes e a eficácia de um tratamento Osteopático neste tipo de sintoma.
A Sociedade Internacional de Cefaleia utiliza um sistema de classificação que
divide as cefaleias em 13 categorias:
Enxaquecas
Cefaleias Tensionais
Cefaleia em salvas e
hemicranianas crónicas
Cefaleias variadas
associadas a lesão estrutural
Cefaleias associadas a
trauma da cabeça
Cefaleias associadas a
disfunções vasculares
Cefaleias associadas a
disfunções não vasculares intracranianas
Cefaleias associadas a
substâncias ou à sua falta
Cefaleias associadas a
infecções não cefálicas
Cefaleias associadas a
disfunções metabólicas
Cefaleias ou dores
faciais associadas a lesões de estruturas cranianas ou faciais
Neuralgias Cranianas
Cefaleias não
classificáveis
Embora
esta tabela possa ser útil para estabelecer um diagnóstico clínico do tipo de
cefaleia, a verdade é que pode existir uma sobreposição de categorias num
determinado paciente. A maioria das cefaleias são uma mistura entre as
Enxaquecas e Tipo Tensional. Os sinais clínicos são complicados por uma
natureza multifactorial que inclui factores físicos, psicológicos, culturais e
étnicos.
Diria que o Osteopata está numa posição única para avaliar a cefaleia do
paciente e traçar um plano terapêutico.
A dor das cefaleias pode resultar de estímulos nociceptivos dos olhos, do
nariz, dos ouvidos, da boca e cavidades nasais. As estruturas intracranianas
sensíveis à dor incluem os seios venosos durais, a dura (particularmente na
base do cérebro), os ramos vasculares da pia-aracnóide e dura-mater. Algumas
estruturas extra-cranianas são também sensíveis à dor, como a pele, as fascias,
os músculos, articulações da região, artérias e periósteo craniano. Uma
cefaleia aguda é com frequência resultado de uma disfunção das estruturas
referidas.
É imprescindível fazer uma avaliação semiológica rigorosa que inclua exame
neurológico e músculo-esquelético, para excluir uma causa sinistra e "red
flags" e em caso de suspeita o paciente necessita de fazer um TAC, RM ou
uma Angiografia cerebral para despiste. A história clínica tem de incluir
também os factores de alívio/agravantes, a duração, a localização, a duração, a
história familiar e psico-social. Enxaquecas
Nas enxaquecas, um controlo neurogénico desordenado da circulação
intra-craniana acompanha o surto. O sistema vascular do Núcleo Trigémio
transmite dor e promove a inflamação no vaso sanguíneo afectado, via actividade
neuro-química da substância P. As artérias cerebrais, meníngeas, basilares e
vertebrais podem ser afectados via nervosa pelo trigémio, vago e axónios da
cervical alta, uma vez que todos convergem no nucleus caudalis trigeminal
do tronco cefálico. A resposta inflamatória está associada à libertação de
histamina, serotonina, adenosina e outras.
A enxaqueca é mais frequente nas mulheres, pode começar na infância,
adolescência ou idade adulta e é definida como um síndrome benigno e recorrente
de cefaleia, náusea, vómito e/ou outros sintomas neurológicos, que pode ou não
ser acompanhado de aura, sensibilidade a cheiros e fotofobia.
Os factores precipitantes são vários e destaco as alterações térmicas, ruído,
cheiros activos, esforços físicos, stress, dores localizadas, ingestão de
alimentos gordos, ciclo menstrual, gravidez, etc. Cefaleias Tensionais
Embora a Sociedade Internacional de Cefaleia distinga Enxaqueca de Cefaleia
Tensional, muitos especialistas acreditam que estão relacionadas. Ambas, podem
ser o resultado de disfunções nos mecanismos centrais de dor assim como uma
hipersensibilidade neural do Núcleo Trigémio. Estão associadas a dor muscular,
alterações electromiográficas e diminuição dos níveis de serotonina. Nas
enxaquecas os nocireceptores são vasculares e os estímulos pulsações
vasculares. Nas cefaleias tensionais os nocireceptores são miofasciais e os
estímulos são contracções musculares. Há clínicos que teorizam sobre um modelo
que integra um padrão miogénico, supra-espinal e vascular destas 2 categorias
de cefaleias
Dor na coluna é principal causa de faltas no trabalho
Quem
nunca sofreu de lombalgia (dores nas costas) que atire a primeira pedra. Ela
está actualmente entre as queixas mais comuns nos consultórios médicos, clínicas de fisioterapia e osteopáticas e não é à toa. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 80% dos adultos
sofrerão pelo menos uma crise aguda de dor nas costas durante a vida, sendo
que 90% dessas pessoas apresentarão mais do que um
episódio.
O
problema é que a lombalgia aparece, geralmente, entre os 20 e 50 anos de idade,
justamente o período produtivo da pessoa no mercado de
trabalho. A lombalgia pode ser devida a inúmeras causas mas
sendo na sua grande maioria e basicamente têm origem mecânica que se devem a
distúrbios da musculatura e da coluna vertebral porém há que estar atentos a outras possibilidades raras como infecções, tumores, inflamações, etc. Quando ocorre no jovem em geral
deve-se a problemas relacionados a posturas inadequadas, quedas, acidentes,
obesidade e também a problemas congénitos (escolioses). Na velhice a artrose (o
processo de envelhecimento ósseo) e a osteoporose (processo de
enfraquecimento ósseo) são as principais
causas. A mulher na menopausa com vida sedentária apresenta
tendência à osteoporose o que favorece o aparecimento de dores lombares.
No
adulto jovem, a postura inadequada é causa frequente de lombalgia e está relacionada à maneira de se sentar, de se deitar, de carregar pesos,
etc. O hábito de dormir em colchão de molas ou a
prática de actividade física excessiva e incorrecta, por ex.,
levam a dores lombares de difícil tratamento.
Normalmente
a dor lombar manifesta-se via neurológica, ou seja,
está associa a uma dor irradiada para a coxa e/ou para a perna e isso
acontece quando existe compressão radicular. Nesta situação o nervo é comprimido pela alteração da mobilidade
vertebral ou por existência de hérnia discal que está relacionada a traumatismos que ocorrem durante a vida. Os tumores da
coluna também se poderão manifestar com dores deste tipo.
O
tratamento convencional da lombalgia pode envolver medicamentos analgésicos,
relaxantes musculares e anti-inflamatórios, porém
quando a lombalgia está unicamente associada a uma disfunção somática por alteração da mobilidade
vertebral envolvendo um bloqueio articular ou alteração da estrutura muscular, ligamentar ou tendinosa envolvente, o mais
indicado será o restabelecimento da capacidade funcional máxima do corpo em disfunção através do uso
da Osteopatia como terapia manual associada à correcção de posturas inadequadas e é responsável pelos
melhores resultados terapêuticos, pois atinge as causas da dor. Empregam-se
diversas técnicas, ajustamentos ósteo-articulares,
manipulações de tecidos moles e da coluna vertebral, correcção de posturas, massagens, etc., com o objectivo de reestruturar o
corpo para que ele se movimente correctamente e em perfeita harmonia. O uso dos
medicamentos assim como do calor e de ondas curtas são tratamentos sintomáticos que não visam abordar a
origem da doença.
É cada vez mais importante pensar em prevenir problemas lombares,
abandonando o hábito de só prestar atenção á coluna quando se sente dor. Em todo o mundo, cerca
de 70% das pessoas com mais de 40 anos apresenta algum problema de coluna, e
esse número sobe para 80% a 90% na população acima de 50
anos.