segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Sindrome do Túnel do Carpo – Tratamento Osteopático


O síndrome do canal ou túnel cárpico significa uma compressão do nervo mediano ao nivel do canal cárpico, no punho, um canal osteo-fibroso formado pelos ossos do carpo e pelo ligamento transverso do carpo. É talvez a causa de compressão neuropática mais frequente na prática clínica médica e um pouco menos frequente na clínica Osteopática, mas ainda assim relevante.




O nervo mediano é um nervo misto, isto é, dá informação motora a alguns músculos da eminência tenar e intrínsecos da mão, assim como, informação sensitiva da região palmar da mão, da face palmar dos 3 primeiros dedos e metade do 4º e da face dorsal dos 4 primeiros dedos. Para além do nervo mediano, passam no canal cárpico os tendões dos músculos flexores dos dedos, sendo que as tenossinovites a este nível, no quadro das doenças reumáticas, sejam a causa mais conhecida do síndrome. Estas lesões, das baínhas e cápsulas articulares, são com frequência decorrentes de doenças reumatológicas como o Lúpus, a Gota Úrica e a Artrite Reumatóide, da qual o síndrome do canal cárpico pode ser uma manifestação inicial(as articulações precocemente envolvidas na AR, são as metacarpo-falângicas proximais do 2º e 3º dedos). Para além da doenças reumatológicas como possível causa do síndrome do túnel cárpico, há que incluir outras condições clínicas endócrino-metabólicas, como a diabetes, o hipotiroidismo, a amiloidose, a insuficiência renal, a acromegália e factores vocacionais/traumáticos como a fractura do punho, actividades profissionais/ atléticas com movimentos repetitivos de hiper-extensão, hiper-flexão do punho, exposição ao frio ou vibração e outros. Afecta mais as mulheres entre os 40 e 60 anos de idade, mas no homem os factores traumáticos são mais relevantes.


A clínica inicia-se com dores e parestesias nocturnas, no território do nervo mediano (face palmar da mão e 3 primeiros dedos, com dor na eminência tenar e interfalângicas distais do 2º e 3º dedos e, interfalângica próximal do 1º dedo), sendo por vezes mais difusas com irradiação ascendente (face ventral do antebraço) e associadas a movimentos. Numa fase mais tardia pode haver diminuição da força, principalmente em movimentos de precisão ou pega e posteriormente atrofia muscular. O paciente queixa-se muitas vezes de "sensação de inchaço" nos dedos e dor no pulso.





O exame neurológico é indicador de diagnóstico, tendo o Osteopata que ter um conhecimento profundo de neurofisiologia, anatomia e experiência clínica para o fazer, aliás, como o faz com todos os pacientes com sintomas de neuropatia. Os estudos de electrocondução nervosa sensitiva e a electromiografia são os meios de diagnóstico mais importantes e devem ser feitos se houver suspeita de patologia reumatológica ou se o paciente não responder à terapêutica.

O tratamento Osteopático utiliza técnicas de relaxamento directo para abrir o espaço dentro do canal cárpico, técnicas miofasciais para libertar os tecidos moles de todo o membro superior, técnicas que mobilizam a coluna cervical e tecidos adjacentes para permitir um melhor fluxo nervoso do plexo braquial (conjunto de nervos que saem da cervical para o membro superior), técnicas de mobilação da coluna toráxica e costelas para reduzir o fluxo simpático, aumentar o fluxo arterial e reduzir a congestão linfática.




ATM


Disfunção Temporomandibular – Tratamento Osteopático

Como as causas para a Disfunção Temporo-Mandibular (DTM) são multi-factoriais, o tratamento é algumas vezes multi-disciplinar, podendo envolver dentistas, neurologistas, reumatologistas, osteopatas e outros.
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Neste artigo, por razões óbvias, vou apenas desenvolver a abordagem do tratamento osteopático.

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A função do Osteopata (depois de uma anamnese exaustiva) é a de avaliar a mobilidade da articulação temporo-mandibular (ATM), palpando restrições articulares e o comportamento dos músculos envolventes. Observa desvios laterais da ATM e faz uma avaliação da mobilidade craniana. Seguindo os princípios e filosofia Osteopática, as disfunções cranianas podem afectar a mobilidade da articulação, isto é, disfunções no osso temporal (rotação) ou no osso esfenóide podem causar disfunção na ATM pelas suas relações anatómicas, como referi no artigo anterior. Como o tratamento Osteopático é mestre na abordagem holística do paciente, as disfunções no sacro são também pesquisadas pela relação sacro/craniana.

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Depois de uma avaliação de todo o complexo articular e mecânico envolvente da ATM (ossos do crânio, ATM, músculos, sacro, mobilidade/restrições), o Osteopata está em condições de perceber onde são as disfunções e fazer um diagnóstico.

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O tratamento é gentil, sem dor e atinge rapidamente o alívio sintomático da dor e o aumento da amplitude articular. A técnica de "Muscle Energy" costuma ser bastante utilizada como tratamento directo, para além das técnicas cranianas. As disfunções do sacro são também tratadas com técnicas directas ou indirectas.

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A Osteopatia permite pensar de uma forma mais abrangente, olhando sempre para as relações estruturais e funcionais das estruturas, considerando um tratamento também ele mais abrangente e mais eficaz.

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A disfunção da Articulação Temporo-Mandibular (ATM), enquadra-se nas Neuralgias Cranianas.

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A ATM é a articulação que une a mandíbula ao crânio. É formada pela cabeça do côndilo mandibular e a fossa mandibular do osso temporal, que estão separadas por um disco articular fibrocartilaginoso. A reforçar a articulação existem os ligamentos estilo-mandibular e esfeno-mandibular que unem a mandíbula ao osso temporal e esfenóide. Os músculos envolvidos na ATM são os temporais, os pterigóides (médio e lateral) e os masseter. São músculos com inserções no osso temporal, esfenóide e mandíbula. A sua inervação é transmitida pelos ramos mandibulares do nervo trigémio e por ramos do nervo facial. Os movimentos articulares são a oclusão, protrusão e retrusão.

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Durante a protrusão, o côndilo da mandíbula desliza anteriormente e o disco articular desliza posteriormente. O oposto acontece na retrusão. A protrusão acontece por contração dos pterigóides laterais e a retrusão é a função das fibras posteriores dos músculos temporais. Os masseter, os temporais e pterigóides médios fecham a boca (oclusão).

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A disfunção da ATM é pois o funcionamento anormal de um ou mais destes elementos e está relacionada com: causas mecânicas ( postura da cabeça, laxidão ligamentar, abertura excessiva da boca, má oclusão, "golpe de chicote", etc.), hábitos diários (bruxismo, mastigar pastilhas, etc.), causas traumáticas (micro e macro- traumatismos), causas reumatológicas (artrite reumatóide, por ex.) e outras ( ansiedade, depressão, etc.). Afecta afecta mais as mulheres na proporção 9/1, na faixa etária dos 30 aos 40.

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Os sintomas mais comuns são: dor de "ouvido", dor de "cabeça", dor facial, dor muscular, dor na ATM, dificuldade em mastigar, crepitação ("ruído" articular), dificuldade na abertura da boca

 

Abordagem Osteopática nas Cefaleias Tensionais e Enxaquecas


A maioria dos Osteopatas já teve de tratar pacientes cujas maiores queixas são as Cefaleias e uma vez que se determine ser seguro tratá-los, existem várias opções e abordagens no plano terapêutico Osteopático.
A abordagem Osteopática concentra-se no TMO (Tratamento Manipulativo Osteopático), mas não só. Os conselhos sobre nutrição, prescrição de exercícios terapêuticos, avaliação e educação da postura, assim como envolver o paciente no seu processo de cura, fazendo-o entender bem as causas e fisiologia da Cefaleia é, ou deve ser, o procedimento do Osteopata, de resto como em todas as consultas.
Importa também referir que o TMO, não são só as manipulações de alta velocidade. O TMO engloba uma série de técnicas, orientadas a diferentes tecidos e/ou com diferentes objectivos. O que decide a (s) técnica (s) usada (s) são os dados recolhidos no exame.

Nas
Enxaquecas o TMO é especialmente útil entre os surtos, uma vez que o paciente está mais tolerante ao tratamento manipulativo (directo, indirecto, miofascial, etc). Na fase aguda da Enxaqueca, um tratamento vigoroso, pode aumentar o fluxo de sangue a uma já inflamada região vascular, o que explica a exacerbação clínica que pode acontecer após tratamento. As técnicas indirectas suaves e a drenagem linfática e venosa são mais indicadas para a fase aguda. Como há um envolvimento do SN Autónomo, o Osteopata actua a técnica na região do SN Simpático da cervical baixa, toráxica alta, costelas e tecidos miofasciais relacionados.

No tratamento das
Cefaleias Tensionais, o primeiro passo é o de identificar e eliminar as potenciais fontes que despertam os sintomas, como os dentes, maxilar (ATM), os seios perinasais, ossos cranianos e cervicais, os ligamentos e os elementos miofasciais associados. Contudo, todo o resto do corpo é examinado à procura de relações anatómicas que possam influenciar este quadro. Na acção terapêutica, a disfunção somática é constantemente identificada e tratada com TMO. Disfunções vertebrais, miofasciais, crânio-sacrais, locais e regionais, são comummente encontradas.

Um ensaio clínico randomizado e controlado por placebo (Bove G, Nilson, 1998, JAMA, 280: 1576-1579), que investigava a eficácia das manipulações quiropráticas nas cefaleias tensionais, concluiu que a manipulação vertebral não tem um efeito positivo neste tipo de cefaleias.

O tratamento desta, como da maioria das patologias, deve ser multi-disciplinar. Deve haver um aconselhamento do paciente em várias áreas terapêuticas e estudos de diagnóstico devem ser aprofundados se o paciente não estiver a responder ao tratamento Osteopático.

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As dores de cabeça são as queixas mais frequentes dos pacientes ao Clínico Geral e ao Neurologista. Poucas são as pessoas que nunca tiveram uma cefaleia em determinada altura da vida e embora uma dor severa possa levar o paciente a temer um problema grave, a verdade é que a maioria das cefaleias são de origem benigna. Estima-se que apenas 5% das cefaleias podem esconder uma patologia neurológica com gravidade. Este é um tema vasto e demasiado complexo para o tamanho deste artigo, por isso, pretendo apenas salientar os aspectos importantes e a eficácia de um tratamento Osteopático neste tipo de sintoma.

A Sociedade Internacional de Cefaleia utiliza um sistema de classificação que divide as cefaleias em 13 categorias:

  1. Enxaquecas
  2. Cefaleias Tensionais
  3. Cefaleia em salvas e hemicranianas crónicas
  4. Cefaleias variadas associadas a lesão estrutural
  5. Cefaleias associadas a trauma da cabeça
  6. Cefaleias associadas a disfunções vasculares
  7. Cefaleias associadas a disfunções não vasculares intracranianas
  8. Cefaleias associadas a substâncias ou à sua falta
  9. Cefaleias associadas a infecções não cefálicas
  10. Cefaleias associadas a disfunções metabólicas
  11. Cefaleias ou dores faciais associadas a lesões de estruturas cranianas ou faciais
  12. Neuralgias Cranianas
  13. Cefaleias não classificáveis

Embora esta tabela possa ser útil para estabelecer um diagnóstico clínico do tipo de cefaleia, a verdade é que pode existir uma sobreposição de categorias num determinado paciente. A maioria das cefaleias são uma mistura entre as Enxaquecas e Tipo Tensional. Os sinais clínicos são complicados por uma natureza multifactorial que inclui factores físicos, psicológicos, culturais e étnicos.
Diria que o Osteopata está numa posição única para avaliar a cefaleia do paciente e traçar um plano terapêutico.

A dor das cefaleias pode resultar de estímulos nociceptivos dos olhos, do nariz, dos ouvidos, da boca e cavidades nasais. As estruturas intracranianas sensíveis à dor incluem os seios venosos durais, a dura (particularmente na base do cérebro), os ramos vasculares da pia-aracnóide e dura-mater. Algumas estruturas extra-cranianas são também sensíveis à dor, como a pele, as fascias, os músculos, articulações da região, artérias e periósteo craniano. Uma cefaleia aguda é com frequência resultado de uma disfunção das estruturas referidas.

É imprescindível fazer uma avaliação semiológica rigorosa que inclua exame neurológico e músculo-esquelético, para excluir uma causa sinistra e "red flags" e em caso de suspeita o paciente necessita de fazer um TAC, RM ou uma Angiografia cerebral para despiste. A história clínica tem de incluir também os factores de alívio/agravantes, a duração, a localização, a duração, a história familiar e psico-social.
Enxaquecas
Nas enxaquecas, um controlo neurogénico desordenado da circulação intra-craniana acompanha o surto. O sistema vascular do Núcleo Trigémio transmite dor e promove a inflamação no vaso sanguíneo afectado, via actividade neuro-química da substância P. As artérias cerebrais, meníngeas, basilares e vertebrais podem ser afectados via nervosa pelo trigémio, vago e axónios da cervical alta, uma vez que todos convergem no nucleus caudalis trigeminal do tronco cefálico. A resposta inflamatória está associada à libertação de histamina, serotonina, adenosina e outras.

A enxaqueca é mais frequente nas mulheres, pode começar na infância, adolescência ou idade adulta e é definida como um síndrome benigno e recorrente de cefaleia, náusea, vómito e/ou outros sintomas neurológicos, que pode ou não ser acompanhado de aura, sensibilidade a cheiros e fotofobia.
Os factores precipitantes são vários e destaco as alterações térmicas, ruído, cheiros activos, esforços físicos, stress, dores localizadas, ingestão de alimentos gordos, ciclo menstrual, gravidez, etc.
Cefaleias Tensionais

Embora a Sociedade Internacional de Cefaleia distinga Enxaqueca de Cefaleia Tensional, muitos especialistas acreditam que estão relacionadas. Ambas, podem ser o resultado de disfunções nos mecanismos centrais de dor assim como uma hipersensibilidade neural do Núcleo Trigémio. Estão associadas a dor muscular, alterações electromiográficas e diminuição dos níveis de serotonina. Nas enxaquecas os nocireceptores são vasculares e os estímulos pulsações vasculares. Nas cefaleias tensionais os nocireceptores são miofasciais e os estímulos são contracções musculares. Há clínicos que teorizam sobre um modelo que integra um padrão miogénico, supra-espinal e vascular destas 2 categorias de cefaleias

Dor na Coluna


Dor na coluna é principal causa de faltas no trabalho

 

Quem nunca sofreu de lombalgia (dores nas costas) que atire a primeira pedra. Ela está actualmente entre as queixas mais comuns nos consultórios médicos, clínicas de fisioterapia e osteopáticas e não é à toa. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 80% dos adultos sofrerão pelo menos uma crise aguda de dor nas costas durante a vida, sendo que 90% dessas pessoas apresentarão mais do que um episódio.

O problema é que a lombalgia aparece, geralmente, entre os 20 e 50 anos de idade, justamente o período produtivo da pessoa no mercado de trabalho. A lombalgia pode ser devida a inúmeras causas mas sendo na sua grande maioria e basicamente têm origem mecânica que se devem a distúrbios da musculatura e da coluna vertebral porém há que estar atentos a outras possibilidades raras como infecções, tumores, inflamações, etc. Quando ocorre no jovem em geral deve-se a problemas relacionados a posturas inadequadas, quedas, acidentes, obesidade e também a problemas congénitos (escolioses). Na velhice a artrose (o processo de envelhecimento ósseo) e a osteoporose (processo de enfraquecimento ósseo) são as principais causas. A mulher na menopausa com vida sedentária apresenta tendência à osteoporose o que favorece o aparecimento de dores lombares.

No adulto jovem, a postura inadequada é causa frequente de lombalgia e está relacionada à maneira de se sentar, de se deitar, de carregar pesos, etc. O hábito de dormir em colchão de molas ou a prática de actividade física excessiva e incorrecta, por ex., levam a dores lombares de difícil tratamento.

Normalmente a dor lombar manifesta-se via neurológica, ou seja, está associa a uma dor irradiada para a coxa e/ou para a perna e isso acontece quando existe compressão radicular. Nesta situação o nervo é comprimido pela alteração da mobilidade vertebral ou por existência de hérnia discal que está relacionada a traumatismos que ocorrem durante a vida. Os tumores da coluna também se poderão manifestar com dores deste tipo.

O tratamento convencional da lombalgia pode envolver medicamentos analgésicos, relaxantes musculares e anti-inflamatórios, porém quando a lombalgia está unicamente associada a uma disfunção somática por alteração da mobilidade vertebral envolvendo um bloqueio articular ou alteração da estrutura muscular, ligamentar ou tendinosa envolvente, o mais indicado será o restabelecimento da capacidade funcional máxima do corpo em disfunção através do uso da Osteopatia como terapia manual associada à correcção de posturas inadequadas e é responsável pelos melhores resultados terapêuticos, pois atinge as causas da dor. Empregam-se diversas técnicas, ajustamentos ósteo-articulares, manipulações de tecidos moles e da coluna vertebral, correcção de posturas, massagens, etc., com o objectivo de reestruturar o corpo para que ele se movimente correctamente e em perfeita harmonia. O uso dos medicamentos assim como do calor e de ondas curtas são tratamentos sintomáticos que não visam abordar a origem da doença.

É cada vez mais importante pensar em prevenir problemas lombares, abandonando o hábito de só prestar atenção á coluna quando se sente dor. Em todo o mundo, cerca de 70% das pessoas com mais de 40 anos apresenta algum problema de coluna, e esse número sobe para 80% a 90% na população acima de 50 anos.

 

Alterações Posturais


Alterações posturais afetam dia a dia de muitos portugueses

Fruto do stress do  dia a dia, das tensões musculares e fasciais, das más posturas adoptadas e mesmo de factores hereditários, é normal que o corpo adopte posições inadequadas longe daquela que seria a posição anatómica ideal para permitir uma maior durabilidade das estruturas do corpo. A isto acresce ainda os micro traumatismos normais no decorrer das muitas actividades feitas no trabalho ou nas actividades feitas com mais frequência, como o desporto ou as tarefas de casa, os excessos de carga ocasionais e mesmo os erros alimentares e de hidratação, que trazem perturbações nas estruturas músculo-esqueléticas (micro-lesões) com a instalação de pequenos processos inflamatórios.




Cada vez mais chegam aos profissionais da área da Osteopatia crianças e jovens com alterações posturais graves que se não forem diagnosticadas e tratadas atempadamente, podem originar uma danificação progressiva das estruturas do corpo em regiões muito específicas e assim a instauração da patologia musculo-esquelética.

Ao fazer uma avaliação muito pormenorizada da postura e movimento do corpo, é-nos possível ter uma ideia muito concreta sobre os locais onde há maior probabilidade de surgir patologia. Se conseguirmos evitar as alterações do alinhamento, através da restauração da mobilidade normal, libertação das tensões musculares e fasciais e de aderências causadas pelos micro-traumatismos e promovendo uma postura mais correcta, podemos evitar a instalação da patologia musculo-esquelética.

 

Enquadramento Base das Terapeuticas não Convencionais


A 22 de Agosto de 2003 foi publicada a lei 45/2003 do enquadramento base das terapêuticas não convencionais. Oito anos, quatro governos e outros tantos ministros depois, a lei continua até hoje por regulamentar e mais de 10.000 profissionais e 2.000.000 de portugueses que recorrem a essas terapias ainda esperam a aprovação da lei que iria regulamentar o sector das terapêuticas não convencionais em Portugal, entre elas a Osteopatia, mas nada disto aconteceu. Não se sabe quem pratica o quê, com que formação ou resultados. É uma área completamente desregulada, onde tudo é possível, as boas e as más práticas. É quase uma selva, um vazio que traz dificuldades à responsabilização dos profissionais e à segurança das pessoas que recorrem a estes técnicos de saúde. É urgente que o governo resolva o vazio e defina um prazo para implementação do processo de credenciação e formação.
Não deixamos de ter aqui um problema de saúde pública. Há a necessidade de separar o trigo do joio, para segurança dos próprios utentes.

Enquanto técnico de Saude e Osteopata tenho de ter plena consciência dos meus limites e competências, não tenho de ter conhecimentos de medicina interna, nem Psiquiatria mas tenho de saber que não posso cortar um antidepressivo a uma pessoa que chega com depressão, por exemplo. No nosso terreno a falta de monitorização da oferta, é uma das preocupações.

O passo seguinte seria avançar com comparticipações dos tratamentos em áreas onde são reconhecidos como mais-valias pela Organização Mundial de Saúde. Há situações em que seriam mais eficazes e sairiam mais baratos ao Estado face ao que é gasto em medicação, até pelo potencial de prevenção. Os utentes e prestadores, que não estão por exemplo isentos do IVA a 23%, ficam lesados. A Osteopatia e a Acupuntura, por exemplo, deveriam estar disponíveis no SNS, como acontece em França com algumas destas terapias.
Dados da OMS revelam que nos países desenvolvidos 70% a 80% da população já experimentou este tipo de cuidados.

domingo, 21 de outubro de 2012

OSTEOARTROSE




É uma das doenças mais frequentes sendo um dos principais fatores de incapacidade física na população mais idosa. A degeneração da cartilagem evolui para osteoartrose, provocando irregularidade e perda de elasticidade da articulação diminuindo a sua eficácia e contribuindo para a sua destruição adicional com o uso repetido estando sujeito a cargas traumáticas desenvolvendo processos inflamatórios e consequente instalação da dor pela deformação e limitação dos movimentos.

Hoje em dia, o conceito mais ou menos enraizado, de que para a Osteoartrose não há respostas terapêuticas e que o melhor é suportar as dores, está ultrapassado. A primeira opção de tratamento para a artrose é sempre o tratamento conservador (não-cirúrgico) e somente em último caso deverá recorrer a cirurgia mas a escolha do tratamento deve ser decidida entre o paciente e o seu médico.

 
Não existe uma terapêutica conservadora que possa curar ou inverter um processo degenerativo, no entanto, é possível diminuir a dor e a rigidez articular, assim como melhorar a capacidade funcional, proporcionando uma melhor qualidade de vida. O protocolo terapêutico deverá ser adaptado a cada caso particular, dependendo da gravidade da situação, natureza dos sintomas, idade, etc.

A osteopatia oferece uma grande ajuda aos pacientes com artroses, uma vez que trabalha a articulação, tecidos, músculos, tendões, fáscias para que a articulação possa ter mais e melhor mobilidade. O tratamento é sintomático e tem como principal objetivo o alívio da dor, a restauração da função articular e a prevenção da incapacidade ou progressão da doença.

 
 O paciente é um protagonista ativo no seu programa terapêutico, por isso deverá sempre procurar um terapeuta que o oriente nas suas atividades diárias e em exercícios ativos e aeróbios como fundamentais para o combate á hipotrofia e aumento da resistência muscular.
 
O Sulfato de Glucosamina e a Condroitina é eficaz no tratamento da artrose e alívio da dor. Tem ainda um efeito não direto sobre a inflamação porque embora não bloqueie a atividade da enzima, limita a sua expressão.




 

O PAPEL DA OSTEOPATIA NO TRATAMENTO DA LOMBALGIA


 
A coluna vertebral tem como função principal a sustentação do esqueleto humano. Ela deve ser flexível, mas também deve ser forte e rígida, especialmente quando sob carga, para manter as relações anatômicas e proteger a medula espinal.

Não existe uma só causa para as dores lombares, pelo contrário. A maioria de dores lombares não tem uma patologia séria como etiologia e passam com o tempo e sem intervenção cirúrgica.

Existem três classificações para lombalgias. Em primeiro lugar temos a Lombalgia não-específica que é o tipo mais frequente de dor lombar e 95% dos pacientes enquadram-se neste grupo sendo consequência de um espasmo muscular, dor mecânica ou relacionada com má postura, distensão muscular, causas degenerativa (discartrose, espondiloartrose), síndrome do piramidal e/ou disfunção somática.

Outras das consequências da lombalgia é por compressão de uma raiz nervosa. Normalmente as compressões ou irritações nervosas são provocadas por protrusões, prolapsos ou hérnias discais.

Por último por patologia específica, tais como tumores, infeções, fraturas, patologias inflamatórias (ex: espondilite anquilosante), osteoporose, espondilose, ou patologia renal como causa para as dores lombares e que deverão ter acompanhamento de médico especializado.
 

A incidência e a prevalência da dor lombar são de tal modo elevadas que passou a ser considerada como causa de grandes prejuízos económicos, representando a queixa mais observada nos serviços de saúde. As dores lombares situam-se entre as 20 queixas mais comuns em adultos que procuram os serviços médicos. Atualmente compreende uma importante causa de falta ao trabalho e de baixas médicas, em razão da deficiência funcional causada.

Cerca de 80% da população, em algum momento de sua vida, já apresentou ou ainda apresentará episódio de dor lombar.

Normalmente, a região do corpo que está em disfunção somática (ou osteopática) encontra-se em estado de HIPOMOBILIDADE, gerando compensações de estruturas vizinhas que entram em estado HIPERMOBILIDADE, as quais geralmente compreendem o local em que o paciente refere a dor. Essa dor pode ter várias possibilidades de causas diferentes sendo a dor na coluna lombar apenas consequência das adaptações e compensações que o corpo sofreu.

O tratamento apenas da região lombar (tratamento mais localizado), muitas vezes, não produz o resultado esperado, de modo que os sintomas persistem e a lombalgia assume uma forma mais crónica (a partir de 3 meses). Por essa razão, no tratamento osteopático, uma das características mais evidentes e fundamentais é a avaliação que procura identificar a causa do problema para, a partir daí, aplicar as técnicas adequadas de modo muito específico e analítico em cada tipo de estrutura do corpo relacionado ao problema.
 
Quem sofre deste mal, não deve tentar “acostumar-se com a dor” ou realizar auto-tratamento e NÃO faça uso de medicamentos SEM prescrição médica.

FORMIGUEIROS



Você sabia que quando um ou mais nervos estão irritados por qualquer motivo, e o sinal que geralmente é enviado para o cérebro é confuso, surge uma sensação de formigueiro. É como quando você diz “tenho o pé dormente" após ficar sentado por muito tempo sobre o pé ou em posições desconfortáveis. O termo médico para isso é parestesia, e significa que você está a sentir algo que não é uma resposta neurológica normal e, logo, não faz sentido para o cérebro.
Podemos comparar a comunicação nervosa a um sinal elétrico enviado de uma parte do nosso corpo para o nosso cérebro. Digamos que ao se deitar para cima do cotovelo, aqueles nervos ficarão comprimidos e não conseguem enviar um sinal pelo caminho normal. Os nervos não conseguirão “disparar” da forma mais adequada, o sinal inteiro ou enviam um sinal errado e o corpo entende que algo não está correto.
 
Existem muitos motivos benignos para o “formigueiro”, como cruzar as pernas por muito tempo, ou bater com o cotovelo num móvel lá de casa (a sensação é causada, na verdade, pelo nervo ulnar), e geralmente ele desaparece após alguns minutos. Existem, entretanto, algumas doenças, como a diabetes, deficiência de vitamina B12, ou quando um osso pressiona um nervo, que podem causar danos a longo prazo se não forem avaliadas.
 
 
A lombociatalgia é quando as raízes do nervo ciático são comprimidas ao nível da coluna lombar, os formigueiros aparecem associados a uma dor de intensidade variável, com início na região lombar e que se estende até à extremidade do membro inferior afetado. O exame Osteopático localiza a compressão nervosa. O repouso e o tratamento osteopático atenuam a crise conseguindo até mesmo eliminar totalmente a origem que provoca os sintomas, dependendo da sua cronicidade.
 

Uma compressão ao nível do ombro provoca uma compressão dos vasos que nutrem os músculos do ombro e por isso podem surgir o formigueiro a nível das mãos. Estes sintomas aparecem em certas circunstâncias: braço em extensão, sobrecarga a nível do membro ou tórax. Neste caso é necessário conhecer a opinião do Osteopata. Poderá justificar-se a realização de exames complementares. Algumas sessões de reeducação e correção das estruturas que anatomicamente e biomecânicamente estão alteradas são, por vezes, suficientes para fazer cessar estas manifestações dolorosas recuperando a função.
 
 
Insuficiência da circulação venosa dos membros inferiores (varizes) é frequentemente incriminada no aparecimento de formigueiros da planta dos pés. A prática de uma atividade física, privilegiando os desportos suaves, como a natação ou simples caminhas é medida simples e eficazes.

Os formigueiros devem ser motivo de preocupação se forem persistentes. São mais inquietantes quando são difusos, bilaterais, lancinantes ou associados a outros sintomas ou sinais. Neste caso impõe-se um exame clínico no seu Osteopata, que lhe proporá um tratamento ou o orientará para um especialista.